Dominação Distópica

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As mortais diferenças entre Jogos Vorazes e Battle Royale no Distrito 6

Num serviço de utilidade pública, o Supernovo.Net decide explicar por A + B que Battle Royale e Jogos Vorazes NÃO são a mesma coisa. Agora você já pode dormir em paz…

“Hey, já leu Jogos Vorazes?
“Não, que parada loca de dorgas é essa aí? É de comer?”
“Obviamente que não ou eu teria perguntado se você já tinha comido Jogos Vorazes”
“Iih, ó a vibe errada do maluco…”
“Enfim, Jogos Vorazes é uma saga que se passa num mundo distópico onde o governo coloca crianças numa competição transmitida pela TV onde eles precisam lutar até a morte como forma de contr…”
“Ah, é aquele Battle Royale pra adolescentes?”

Amigo fã de Jogos Vorazes, eu tenho certeza que o cenário relatado acima já aconteceu com você. Talvez com menos eloquência por parte de algum dos interlocutores, talvez sem a piada idiota do “É de comer?”, mas a essência já deve ter se reproduzido por aí. E digo mais: o contrário também é muito válido. Jogos Vorazes é chamado de “Battle Royale americano” eBattle Royale é chamado de “Jogos Vorazes japonês” por aí. Assim, vendo as pessoas discutirem coisas do tipo por aí, eu decidi escrever um pouquinho sobre as diferenças entre as duas obras (não, elas não são iguais e não, ninguém copiou ninguém).

Antes de começar, preciso esclarecer algumas coisas:

  • Eu vou tentar deixar esse texto sem spoilers, mas eu vou precisar citar alguns acontecimentos de ambas as obras. Vou me esforçar para não mencionar mortes e coisas MUITO importantes, mas uma ou outra coisa vai escapar para poder exemplificar meu ponto de vista. Quanto mais você souber de Battle Royale e Jogos Vorazes, melhor. Mas se você não conhecer um deles (ou os dois), garanto que não vou estragar a sua diversão;
  • Eu li os três livros de Jogos Vorazes (e vi o filme) e li o mangá de Battle Royale (e vi o filme). Eu nunca achei o livro de BR em inglês em nenhum lugar, então eu nunca o li. Dessa forma, eu tenho de me basear na versão em mangá. Porém, vou levar em conta as diferenças que os dois formatos (livros de JV e quadrinhos de BR) aplicam nas duas obras.

Vamos lá!

Tirando o elefante da sala: a diferença no foco

Ok, se é para fazer notar as diferenças entre Jogos Vorazes (chamada daqui para frente de JV) e de Battler Royale (BR), então vamos meter logo o pé na porta e falar da mais óbvia diferença, mas que mesmo assim parece escapar dos olhos das pessoas: o foco das duas séries.

Pra definir de forma simples, eu diria que BR é uma série sobre o Eu e JV é uma série sobre o Nós. BR é indivíduo, JV é sociedade. Isso, por si só, muda absolutamente toda a visão das duas obras.

Existem certos elementos que são usados em histórias para gerar certas reações. Por exemplo, normalmente não existe “história de zumbi”. Existem histórias onde os zumbis são utilizados como alegorias para desencandear certas mensagem. George Romero os utilizava para satirizar a cultura consumista da sociedade americana, por exemplo. É possível usar os zumbis como ambientação para uma história sobre humanização ou usá-los apenas porque é legal e está na moda.

Mas Seu Leandro, o que zumbis tem a ver com JV e BR? Tem zumbis na história?

Não, pequeno gafanhoto. Porém, eu usei o exemplo dos zumbis para mostrar como certos elementos podem ser usados com diferentes propósitos. Os zumbis do Romero e os de The Walking Dead (a série de TV, pelo menos) possuem funções completamente diferentes. Assim como o elemento “central” de JV e BR.

Eu falo, claro, da “competição até a morte entre jovens”. As duas obras possuem esse elemento em sua trama central, apesar de a usarem de modo absolutamente diferente. Em BR, uma turma que está terminando o Ensino Fundamental é levada até uma ilha onde participam do Battle Royale, uma competição até a morte entre jovens. Em Jogos Vorazes, dois jovens de cada distrito de Panem são levados para uma arena onde participam dos Jogos Vorazes, uma competição até a morte entre jovens. Eu consigo ver a semelhança e acho que você também. Mas e a diferença?

Lembram quando eu disse que BR era sobre o Eu e JV era sobre o Nós? Isso se aplica aqui. O elemento da “competição até a morte entre jovens” é usado de forma diferente nas duas séries.

Em BR, a competição é feita para ativar o desenvolvimento dos personagens da trama. É nisso que a série se foca: na “jornada” de cada um. Cada jovem ali presente possui a sua pequena jornada pessoal. Alguns precisam aprender a confiar nas pessoas, outros precisam aprender a acreditar e tem um que não precisa aprender, mas precisa ter determinação para não mudar e não desistir. E isso que eu estou falando apenas de três personagens (você adivinhou quais são?).

E é justamente sobre isso que se trata BR (ou pelo menos é essa a minha visão): concluir a sua história de vida. Não num sentido místico de “destino” e “Deus me disse desce e arrasa”, mas num sentido em que nós nascemos e vamos escrevendo nossas histórias a partir de nossas experiências, gerando medos, complexos, relações e afins que precisam de uma conclusão. E essa conclusão pode ser positiva ou negativa. A única certeza é que se vai morrer, mas isso não garante que “tudo vai dar certo no final”. Você pode morrer “aprendendo a lição” e descobrindo o sentido da sua vida ou você pode morrer no meio da sua jornada. Você pode se manter focado ou enlouquecer no meio do caminho.

Veja a análise completa aqui.

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Publicado às setembro 23, 2012 por em Comparativos e marcado , , .